domingo, 10 de agosto de 2008


PAIS MAUS

Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e mães, eu hei-de responder-lhes:

- Eu amei-vos o suficiente para perguntar onde iam, como quem iam e a que horas regressavam.

- Eu amei-vos o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem, que aquele novo amigo não era boa companhia.

- Eu amei-vos o suficiente para vos fazer pagar os rebuçados que tiraram do supermercado ou revista do jornaleiro, e vos fazer dizer ao dono: “Nós tirámos isto ontem e viemos pagar”.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

- Mais de tudo, amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando sabia que vocês poderiam até adiar-me por isso (e em alguns momentos até odiaram).

Estas foram as mais difíceis batalhas de todas…

Estou contente, venci… Porque no final, vocês venceram também! E qualquer dia quando os meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se os seus pais eram maus, os meus filhos vão lhes dizer:

“Sim, os meus pais eram maus. Eram os piores do mundo… As outras crianças comiam doces ao pequeno-almoço e nós tínhamos de comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e gelados ao almoço e nós tínhamos de comer a sopa, arroz, carne, legumes e fruta. Os nossos pais tinham de saber sempre quem eram os nossos amigos para onde íamos e o que fazíamos com eles.

“Os nossos pais insistiam sempre que lhes disséssemos a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!

“Os nossos pais não deixavam os nossos amigos tocarem as buzinas para que saíssemos; tinham de subir, bater à porta, para que eles os pudessem conhecer.

Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos de esperar pelos menos até aos 16 anos para chegar um pouco mais tarde, e aqueles chatos levantavam-se sempre para saber se a festa tinha sido boa (só para verem como estávamos ao voltar)

“Por causa dos nossos pais, perdemos imensas experiências na adolescência”

Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubos, em actos de vandalismo, em violações de propriedades, nem fomos presos por nenhum crime.”

“Foi Tudo por causa dos nossos pais”

“Agora que já somos adultos honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos ” Pais Maus”, como eles foram.

E eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há Pais Maus suficientes!